• Uma entrevista com Veronica Pinheiro •
Veronica Pinheiro é brincante, professora da Rede Pública Municipal do Rio de Janeiro e pesquisadora do ensino de arte para as relações étnico-raciais como mestranda do Programa de Pós-graduação em Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Integrante da equipe do Selvagem, ciclo de estudos desde 2023, ela atualmente coordena o Grupo Aprendizagens da Comunidade Selvagem, junto de Cristine Takuá.
Veronica chegou ao Selvagem semeando narrativas, rimas e saberes do quintal. À frente do Grupo Crianças ao longo de todo o ano passado, ela realizou oficinas de artes para crianças em territórios indígenas e em museus, evocou seus ancestrais na Vigília da Oralidade, percorreu estradas a bordo da Caravana Arco Íris pela paz e ancorou uma animada Maloca das Crianças, que ofereceu atividades para crianças durante a exposição Viva Viva Escola Viva. Ela também pesquisou as tintas naturais e encontrou muito mais que cores no caminho.
Em 2024, de volta à escola, Veronica tem levado os conteúdos do Selvagem para a sala de aula, iniciando um percurso sobre aprendizagens vivas como professora da Sala de Leitura e como coordenadora das atividades de artes na Casa das Crianças, antigo nome da atual Escola Professor Escragnolle Dória, no Bairro Fazenda Botafogo, no Rio de Janeiro.
Poderemos acompanhar mais de perto esta jornada de Veronica, além da jornada de Cris Takuá nas Escolas Vivas, através dos Diários de Aprendizagens compartilhados em nosso site.
Nesta entrevista, realizada em 26 de fevereiro de 2024, Veronica nos conta um pouco de seu caminho, da menina tímida que lia tudo o que caía nas mãos e se emocionava ao aprender, à artista educadora que busca ouvir o vento e semear mundos nos corações que encontra.
Mariana Rotili: Como era a Veronica criança?
Veronica Pinheiro: A Veronica criança… Ela foi uma criança que chegou por último na família. Eu nasci na entressafra dos sobrinhos e dos primos, então eu cresci ouvindo da minha mãe que eu tinha que aprender a fazer as coisas sozinha, porque eu não tinha primos, nem irmãos da minha idade e que eu não era gêmea de ninguém. Isso fez com que eu criasse um mundo só meu, na minha cabeça. A Veronica criança convivia muito bem com esse mundo de inventar coisas, eu tinha as minhas próprias histórias, eu conversava com o vento, eu conseguia sonhar o mesmo sonho várias vezes, por vários dias. Eu interrompia o sonho, vivia a minha vida, fazia as coisas que tinha que fazer para a escola e lembro de voltar da escola só para sonhar, voltar e parar no mesmo ponto e recapitular o sonho.
Foi nesse universo, dentro de uma ocupação no Rio de Janeiro chamada de Comunidade Bom do Jardim, para onde minha família foi quando minha mãe engravidou de mim. Meu pai comprou um barraco nessa ocupação e eu nasci ali. Eu nasci no meio de uma obra, literalmente, vivi no meio de obra durante muito tempo e, ao mesmo tempo que a minha casa era construída, em que eu via a obra dentro da casa, eu também via a obra na comunidade. Como eu não brincava muito com crianças – eu ficava mais perto dos adultos – , eu escutava as reuniões dessa comunidade, eu ficava levando água para os homens da comunidade nos finais de semana, quando eles construíam a casa uns dos outros. Levei água pra eles quando eles pavimentaram a rua e trouxeram água encanada para as casas, levei água quando trouxeram energia para as casas… Tudo isso foi um trabalho de articulação interna daquela comunidade.
Hoje eu entendo que a estrutura daquela comunidade, a forma como eles sentiam, geriam comunitariamente tudo o que acontecia, os elementos ali presentes, tanto humanos, quanto não humanos, eu entendo que aquela estrutura comunitária era uma estrutura quilombola, sabe? Todas as figuras presentes eram majoritariamente pessoas negras, só havia uma pessoa branca ali, que era o Sr. Roberto Branco, todas as outras pessoas eram pessoas negras. Foi uma infância muito introspectiva, mas que deu o maior caminho para tudo que vinha depois. Fui muito cuidada por todo mundo, pelos meus irmãos, pelo meu pai, pela minha mãe, pelos meus primos, então, eu acredito que essa minha forma como eu naturalizo o cuidado, com as coisas e com os outros, vem de ter recebido muito cuidados de todo mundo.
Mariana: E a sua vida escolar foi na comunidade?
Veronica: Não, minha mãe optou por educar os filhos fora da comunidade, fora da favela. Então a gente nunca frequentou as escolas dentro da favela. E, não sei se consciente ou inconscientemente, ela queria que a gente soubesse que existiam outros mundos além do nosso mundo. Nosso mundo nunca foi um problema pra gente, sabe? Ela nunca colocou defeito naquele lugar e na forma como a gente vivia, mas era um movimento que ela construía, meio que provocava, que era da gente ir para fora dali. Eu estudei numa escola num outro bairro, e a gente ia andando até chegar à escola e nisso a gente ia percebendo que, a cada 100 metros que a gente ia andando, o cenário mudava. Que as casas ganhavam reboco, tinta, muro, quintal. Eu tive uma vida escolar tranquila, eu gostava. Comecei a frequentar escola muito nova, com dois anos de idade, porque meus irmãos estudavam, então eu queria ir para a escola também. Então minha mãe achou uma senhorinha que me alfabetizou muito novinha, e a partir…
…“Tô dando entrevista” – a casa tá aberta, eu tenho uma rede, e aí as crianças descobriram que eu tenho uma rede e elas vêm se balançar na minha rede e ficam se balançando, contando a vida delas, e ficam esperando eu chegar. E aí um vai contando pro outro que eu tenho uma rede, é muito engraçado…
E aí foi isso, estudei e foi tranquilo. Meu universo era com a leitura, eu gostava de ler, mas não tinha muito o que ler, aí eu lia qualquer coisa. Lia bula de remédio até ficar hipocondríaca, virei uma criança que previa doenças, sabia coisas. A minha mãe era doméstica na casa de um médico e quando os filhos desse médico entraram para a faculdade, quando o último dos três passou no vestibular, ele resolveu se desfazer da biblioteca escolar dos filhos. Então, minha mãe passou uns dois, três dias vindo para casa com uma mala grande com livros paradidáticos. Lá para os meus dez anos, eu já lia um monte de coisas, eu nunca tive muita paciência para televisão e eu ficava lendo lá os livrinhos de Machado de Assis. Eu tinha uma super biblioteca, e era curioso que eu falava de coisas que meus coleguinhas não sabiam o que era, e era porque eu tinha lido nos livros.
Mariana: E na sala de aula, como você era?
Veronica: Eu era muito quieta, assim, muito, muito quieta. Era uma boa ouvinte, gostava de ouvir. Eu me emocionava nas aulas. Era muito engraçado, eu me emocionava quando aprendia alguma coisa. E era aquela aluna que ajudava a professora, que fazia todos os trabalhos, que levava uma mochila maior do que o corpo, com medo do professor pedir um caderno que eu não tinha. Eu levava tudo pra escola, até desviar a coluna, aí minha mãe resolveu começar a arrumar minha mochila, porque eu levava tudo, queria fazer todos os trabalhos, dançar em todos os festivais. E era tímida… curioso, né? Era tímida, mas eu gostava de estar ali. Eu sinto que eu sou meio isso ainda, eu gosto de estar, de fazer, mas é pelo fazer, e não é pelo aparecer. Sou tímida, não gosto de um monte de coisas. Por exemplo, eu gosto de escrever, mas me dá uma certa agonia saber que as pessoas vão ler o que eu escrevi, sabe?
Mariana: E como você vê essa proposta dos Diários de Aprendizagens?
Veronica: Os diários estão me dando uma certa responsabilidade, sabe? Porque são as reflexões de uma professora. E a gente tem uma geração que muitas vezes se conforma com o que o outro disse. E aí pega aquilo que o outro disse e aplica como regra para um monte de coisas. Isso me traz um senso de responsabilidade que eu acho que eu não teria se não fosse um convite do Selvagem. Se não fosse um caminho que o Selvagem escolheu, eu acho que eu não faria, por conta de as pessoas acharem que a única forma de alfabetizar é tal, que a única forma de ler um livro é de tal jeito, que todo mundo tem que pintar… Não, não se aplica. Um monte de coisas que eu vou compartilhar no diário, talvez só se apliquem àquela sala de aula, àquelas crianças, àquele lugar, sabe?
Então é mais nesse sentido. Eu gosto de cantar, mas eu não sei se eu quero que as pessoas me ouçam cantando. Eu acho que ao escrever, cantar, é quando eu estou mais vulnerável, é quando as pessoas de fato estão me vendo. E aí eu sinto que eu estou sendo vista, não só o que eu estou fazendo, mas as pessoas estão, de alguma forma, me acessando, e aí eu estou sempre de olho fechado nessas horas.
Mariana: Você se diz uma brincante. Como é isso?
Veronica: É, eu digo que eu brinco em serviço, que se eu não puder brincar em serviço, não flui. Na comunidade onde eu nasci, as pessoas têm muitos valores, do tipo “ser uma pessoa honrada, pagar suas contas”. Eu lembro que eles falavam que a gente tinha que ter brilho, e depois de muito tempo eu descobri na faculdade, que era ‘brio’, não era ‘brilho’! (risos) Era brio, era ter dignidade, ser honrado. E também a nunca levar a vida tão a sério, porque a gente também nasceu para ser feliz e sonhar. E isso era uma música que se ouvia por lá: “eu também nasci pra ser feliz e sonhar”. E aí coisas que eram condenadas fora desse meu contexto, como ‘vadiar’ e ‘brincar’, pra gente eram justamente você ter um tempo pra você ser só aquilo que você quer ser. Então era cantado nas rodas de capoeira – meu pai era mestre de capoeira -, nas rodas de samba de roda que rolavam ali nas lajes, era “me deixa vadiar”, “me deixa brincar”, “vai vadiar”, nesse sentido de ter a oportunidade, em algum momento da vida, de falar coisas que não vão te trazer um emprego ou conquistar um amor ou se fazer respeitado por aquilo que você tá dizendo ou por aquilo que você tá fazendo. Esse ser brincante é esse ser que procura brechas na vida, nessa vida que, no meu caso, é uma vida em diáspora, esse paradigma do homem disperso, desterritorializado, mas, no meio disso, você encontrar, se permitir, de não ter que ser útil, de não ter que ser uma mão de obra o tempo inteiro, sabe? Ter o direito ao ócio, à vadiagem pela rua. E a vadiagem foi, inclusive, criminalizada, né? Se prendia no Brasil, em um determinado tempo, por vadiagem, e essa era a contravenção. “Qual foi o crime do fulano? Tava fazendo nada”. A quem serve essa ideia de que a gente tem que fazer coisas o tempo inteiro? Se um emprego em que eu trabalho não me deixa brincar em momento nenhum, não deixa em algum momento eu poder ser eu, não ser útil para aquelas pessoas com quem eu estou vivendo, convivendo, eu não me demoro ali, não. Parafraseando a Frida Kahlo “se você não puder amar, não se demore“. Se eu não puder brincar, eu não me demoro. Geralmente eu vou seguir no meu trenzinho, meu rumo.
Mariana: Você teve uma experiência recente indo fazer oficinas do Grupo Crianças em territórios Guarani, inclusive no da Cris Takuá, lá no Rio Silveira. E agora você volta para a escola pública. Queria que você contasse um pouco sobre o trabalho que você tem feito com crianças indígenas e com crianças do Rio de Janeiro.
Veronica: Às vezes a gente coloca no mesmo pacote ‘educação’ e ‘escolarização’. São processos diferentes. Para educar uma criança, precisa de uma comunidade. Tá ali o pai, a mãe, o vizinho, o vento, o sol… tudo isso gera um processo de formação daquele indivíduo. A escolarização, que é esse processo de formatação de modos de ser e de existir, tenta universalizar tudo e, no caso do Brasil, o governo faz uma base comum nacional curricular. Se uma favela no Rio de Janeiro é diferente da outra, um estado, uma cidade… como vai se considerar uma base comum? Esse movimento de escolarização, em algum momento, se torna a agência também de educação de crianças e de pessoas, ela quem determina quem é bem educado ou mal educado e vai padronizando tudo. Com essa padronização vem uma carga de violência e de desrespeito muito forte, inclusive nos territórios. Por exemplo, eu não consigo, na minha cabeça, entender uma direção de escola num território, seja indígena ou quilombola, que não seja de alguém da comunidade, do território, ou que não seja indígena, quilombola, ribeirinho, beradeiro. É alguém que o Estado manda! E ainda tem isso que o Estado regulariza e diz o que é, como estudar, como fazer. Uma das coisas que mais me chocou nos territórios foi a chamada escolar, porque as crianças que vão à escola dentro do território, não são chamadas pelos seus nomes indígenas, seus nomes ancestrais, elas são chamadas pelo nome civil. E as crianças com quem eu tive a alegria de trabalhar nessas oficinas de construção dos mitos em quadrinhos, elas eram mais ou menos vinte e apenas cinco se apresentaram para mim pelo seu nome indígena. Todas as outras se apresentaram por nomes de registro civil. E aí eu fui procurar saber o motivo e soube que aquelas que se apresentavam como Pará, Werá, elas não frequentavam a escola, porque elas ainda não tinham a idade escolar. Então, ao mesmo tempo que eu entendo que a escola é um universo muito necessário para alguns aspectos, ela é arbitrária, em sua maioria.
A escola é arbitrária nesse processo de docilização dos corpos, de premiar o aluno mais quietinho, o mais comportado, aquele que segue as orientações sem questionar. Ela age nessa padronização, na higienização de vocabulário, ao botar todo mundo falando da mesma forma, se comportando do mesmo modo. Então, apesar de ser professora da rede pública municipal e de gostar de escola, me assusta ver criança enfileirada na fila da comida, só poder andar em fila, só poder falar se levantar a mão, “ah, mas aí a gente precisa de uma organização, de uma ordem“… Então diminui a quantidade de crianças naquele espaço, ou aumenta o número de profissionais disponíveis para acolher aquelas crianças. Se a gente não tomar cuidado, a escola pode ser um ambiente muito cruel. E muito cruel não no sentido do bullying, mas dela estar a serviço da formatação de indivíduos.
Mariana: Como está sendo o seu retorno para o ambiente escolar depois desse tempo de afastamento?
Veronica: Eu estou fora da escola tradicional, de ensino regular, desde 2019. Minha última atividade na rede pública municipal foi na direção do Núcleo de Arte, uma escola de arte pública, para crianças, no contraturno. Ali de alguma forma já existiam outros meios de trabalhar, de se comunicar, de compartilhar. Não tinha aquela obrigatoriedade curricular de fazer ler, escrever e somar. A gente construía artisticamente universos.
Mariana: No ano passado você trabalhou só no Selvagem?
Veronica: Até maio eu estive no Núcleo de Arte, de onde eu saí para pedir licença e ficar no Selvagem. Foi quando eu tive que voltar à escola por 15 dias e cumprir o contrato, no meio do ano. Ali se deu aquela experiência que foi compartilhada no caderno Selvagem que eu escrevi.
Mariana: Eu queria escutar como tem sido cultivar uma Escola Viva dentro de uma escola… qual que seria o referente contrário?… uma escola formal?
Veronica: Sim, eu fico pensando nisso. Ao mesmo tempo que é bonito de ouvir e de pensar, o que sustenta um discurso é a trajetória. É o percurso. Tanto que eu pedi pra não falar antes de conhecer as crianças, conhecer a escola. Só consigo pensar no que escrever depois de conhecer as crianças. O Nego Bispo conta que a avó dele falava pra ele o seguinte: antes de botar semente, olha pra terra e vê o que que a terra pode te dar. Então, como que eu vou criar um planejamento, falar sobre esse movimento, se eu não conheço as crianças? Se eu não conheço a escola, se eu não conheço os professores? Ao mesmo tempo que é um desafio, é uma grande alegria poder chegar à escola disseminando as reflexões e as práticas que são compartilhadas pelo Ailton Krenak, pela Cris Takuá, pelo Nego Bispo, pelo Carlos Papá, pela Anna Dantes, por pessoas que me inspiram e que me encorajam…mas eu vou estar ali no dia a dia, né?
Então, eu chego e o primeiro movimento é ouvir, ouvir…é ouvir muito aquelas pessoas, dar tempo para elas falarem, criar espaço, e aí criar espaços para brincadeira, brincadeira entre as crianças, brincadeira entre os professores, espaço onde elas não precisam ser úteis, para que elas possam dizer e deixar ali, dizer o que de fato faz o olhinho delas brilhar.
Segundo o estudo do geógrafo Leno Soretti, o território onde a escola está localizada tem o menor IDH da cidade e do Estado do Rio de Janeiro. A gente não tá indo falar de vida, de Escola Viva, onde a morte é algo hipotético. Ali tudo é muito real, tudo é muito próximo, o barulho de um tiro é muito próximo, o medo de perder o pai, a mãe, o primo e a própria vida é muito próximo. A gente fala dessa vida mais imediata, dessa vida que é individual, mas quando a gente fala de uma Escola Viva, a gente está falando de uma relação muito maior, relação com o Sol, com o vento, com o próprio território, com as pessoas do território. Então, a primeira coisa que eu fui tentar fazer foi ouvir e entender em que ponto a vida foi se afastando daquele lugar, para tentar criar algum caminho de reconexão, de ativação – que é uma palavra que o Selvagem usa muito. A Cris fala que as memórias não morrem, mas elas adormecem e que é preciso um acordamento dessas memórias, dessa vida. Algo em que eu estou acreditando bastante é que não é sobre fundar uma Escola Viva, mas gerar acordamentos da vida que, um dia, habitou aquele lugar.
Eu soube, por exemplo, que antes de o território se chamar Pedreira, se chamava o Morro da Ventania, o Morro do Vento. Eu estou lá desde dezembro e nunca ouvi o vento. Vamos então criar possibilidades de o vento voltar a falar? De a gente ouvir o vento de novo, e ir ativando essas memórias de vida, de vida comunitária. O cristianismo trouxe para a periferia do Rio essa ideia da salvação individual, de trazer para as crianças o desejo de se salvar, de sair daqui. E se a gente combinasse disso não ser um plano individual, de uma criança que passa na Olimpíada de Matemática, e depois ganha uma bolsa e vai para não sei aonde? E se não fosse o plano de salvar um, de salvar três, mas uma construção?
Aí isso vai ser coletivo, e talvez muito devagar. Eu também não estou preocupada com isso, de apresentar resultados, já que a gente está falando de semeadura e existem vários ciclos de colheita. Existem essas colheitas de ciclo curto, ciclo médio, de ciclo longo, então, vamos semeando, né? E despertando o máximo de memórias e ativando o máximo de vida que a gente puder.
Entrevista e preparação do texto: Mariana Rotili
Transcrição: Katlen Rodrigues
Revisão: Alice Faria
Fotos: Juliana Chalita e acervo pessoal de Veronica Pinheiro