O encontro de Ailton e Anna com Sidarta no Ciclo dos Sonhos era uma das coisas que eu mais queria ver na vida. Mas aconteceu de eu ter que cair na estrada bem no dia. Não teve internet que funcionasse no caminho e quando eu cheguei na casa da minha sogra a conversa já tinha começado. Deixei a mala no carro e corri pro pomar. Coração disparado, celular com pouca bateria, peguei alguns minutos de papo e senti que era melhor ver depois, mergulhada noutra energia.
Então fiquei lá, abobalhada com aquele solzão laranja se derramando sobre a terra vermelha do oeste do Paraná, me sentindo amiga do Manoel de Barros na disposição pras miudezas. Entre uma jabuticaba e outra explodindo na boca, avistei pontinhos brancos no chão: caramujos! Tudo a ver com ~ sonho ~ oráculo ~ sussurro ~~~~~~~~. Catei uns quantos, juntei com uma pedra oval fofa demais e levei comigo.
Na volta pra casa recebi uma mensagem da Laís perguntando se eu queria criar alguma coisa a partir do ciclo e eu topei, claro! Mas o quê? Mil ideias e nenhuma. Fui caminhar na floresta com o Ludo, meu cachorro, certa de que ela me mostraria o fio por onde começar. E assim foi. Os dentes-de-leão estavam estufados, brilhantes. Trouxe alguns, coloquei em cima da minha mesa de trabalho, junto dos caramujos, e dei play na live.
Uma luminária com gelatinas coloridas abriu um pequeno pôr do sol na parede e a brincadeira começou. Arranjos de equilíbrio, sopro, luzes e sombras. Um olhar de bicho que cafunga de perto. Escute as feras! Nesse espírito o cavalo de vidro me seduziu e quis entrar na dança. No jogo do translúcido mistério as Imagens ~Sonho emergiram. Embebidas pelas vozes deles, querendo plasmar e dar a ver e a sentir as dimensões que aquelas palavras evocavam.
Caixa de texto…