Na virada de 2022 para 2023, entre os dias 27 de dezembro e 03 de janeiro, aconteceu na Praia de Pratigi, na Bahia, a 16ª edição do Festival Universo Paralello, que contou com uma caleidoscópica variedade de apresentações musicais, culturais e artísticas.
A “Ancestralidade” foi o tema dessa edição, uma escolha que conflui com as mensagens das Flechas Selvagens e com os movimentos de valorização da cultura e dos povos originários da América do Sul.
Foram 8 dias de imersão, sem internet, num convite ao mergulho em experiências sensoriais e múltiplas trocas entre pessoas de diferentes lugares do mundo.
A Nave Expancine saiu do sul do Brasil e seguiu para o nordeste com as Flechas Selvagens na bagagem. Elas compuseram a programação artística e foram projetadas pela van conduzida por Thais Alemany, produtora cultural e criadora da Expancine Produções. A van é uma base criativa itinerante com autossuficiência energética, idealizada e realizada por Thais.
Foi através dela que as 7 Flechas Selvagens foram exibidas juntas pela primeira vez, na abertura do verão de Florianópolis na praia da Joaquina, em dezembro de 2022.
Entusiasta das Flechas, Thais conta que o encantamento se deu ao assistir a Flecha 6, Tempo e Amor na Casa Ventana, em Florianópolis, em junho do ano passado. A sessão presencial fez parte do lançamento coletivo que aconteceu em 9 cidades, numa ação pensada pela Comunidade Selvagem.
Ali ela sentiu o chamado para ser uma flecheira e, desde então, tem levado a série em suas andanças com a Nave, animada pelo desejo de difundir conteúdos que estimulem a reflexão e a expansão da consciência.
No festival foram realizadas 3 sessões de cinema ao ar livre com a exibição das 7 Flechas em sequência. Na abertura da projeção houve um momento muito especial com os indígenas Pataxó presentes no evento. Eles fizeram um ritual de benção, com cantos, dança e defumação.
Thais conta que “as pessoas ficavam extremamente tocadas pelo conteúdo e pela forma artística transmitida. Algumas já conheciam um pouco do conteúdo e dos autores, outras eram surpreendidas com a projeção pela primeira vez e expressavam a emoção de estarem ali presentes compartilhando aquele momento. ”
Depois do Universo Paralello, a viagem continuou contornando o litoral da Bahia, passando pela vila de Algodões, onde houve outra exibição das Flechas para a comunidade do local. À beira mar, em um gramado com coqueiros, reuniram-se crianças, adultos e fez-se o maior público das exibições das Flechas pela Nave.
A viagem rumou para Minas Gerais, com parada na pacata comunidade de Barão de Guaycuí, perto de Diamantina. A vila fica em torno da antiga estação de trem da cidade, que foi recentemente reformada, local onde foi realizada a projeção.
De acordo com a produtora “a comunidade era composta por muitos evangélicos, de modo que muitos ali entraram em contato com cosmogonias indígenas pela primeira vez”.
Ela relata sentir que “as Flechas são conteúdos profundos e marcantes, densos de informações e de poesia” e acrescenta que “foi um prazer imensurável poder compartilhar e difundir essa sabedoria ancestral e dar espaço para que os desdobramentos aconteçam na realidade dos espectadores. Em tempos de informações falsas e discursos de ódio, espalhar outras visões de vida é crucial para que pratiquemos mais a aceitação do outro e da tolerância no se relacionar”.
As Flechas Selvagens seguem em voo livre, pousando em corações e comunidades de diversos perfis e criando espaços para reflexão, trocas e aprendizado. A Nave Expancine se alegra por contribuir para que esses lançamentos atravessem estradas e realidades, acertando seu alvo que é o reflorestar das mentes. Seguimos cultivando alianças afetivas, como nos ensina Ailton Krenak, para compormos juntos desenhos de mundos pluriversais e reaprendermos a colocar o coração no ritmo da terra.