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O CINEMA COMO INSTRUMENTO DO POVO ASHANINKA

By 20 de abril de 2023outubro 23rd, 2023No Comments

“Se a gente faz um filme, se a gente faz um vídeo, a gente tá comunicando a nossa visão pra um outro espaço, pra que esse outro espaço veja a gente como a gente é. Mesmo que ele não consiga chegar até onde nós estamos, mas ele consegue  entender o que a gente tá fazendo, através do audiovisual.”

Wewito Piyãko

 

De que maneira o audiovisual pode contribuir com os objetivos dos povos originários? Qual é a importância desse instrumento na vida do povo Ashaninka? Desses questionamentos, nasceu uma pesquisa. Ela ganhou corpo, se desdobrou e resultou, recentemente, em um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

   Nomeado “Com câmera, corpo e alma: lutas e realizações do povo Ashaninka no filme Antônio & Piti”, o TCC foi escrito por Kim Queiroz, que se formou em Rádio e TV na Escola de Comunicação da UFRJ após a defesa do trabalho. A pesquisa se concentrou no documentário Antônio & Piti (2019), dirigido pelo cineasta ashaninka Wewito Piyãko em parceria com o cineasta não indígena Vincent Carelli.

   A história de amor do casal interétnico que dá nome ao filme é o ponto de partida da sua narrativa. Antônio, um indígena ashaninka oriundo do Peru, e Dona Piti, uma  brasileira não indígena e filha de seringueiro, se conheceram ainda jovens na região do Rio Amônia, na Floresta Amazônica. Contrariando os costumes e preconceitos da época, os dois se casaram e hoje são uma família de líderes na Aldeia Apiwtxa (AC).

   O casal teve 7 filhos, cada qual contribuindo à sua maneira com as lutas e realizações do seu povo. Entre eles estão Wewito, diretor do filme, e Moisés Piyãko, um respeitado xamã do seu povo. Moisés foi um dos convidados do primeiro Ciclo Selvagem, quando participou da roda de conversa “A Serpente e o DNA”, em novembro de 2018. Seu depoimento foi gravado e está disponível no canal do YouTube do Selvagem.

 

   Foi através desse vídeo que Kim conheceu tanto o Selvagem quanto os Ashaninka. Encantado pela fala de Moisés e pela proposta do Ciclo, Kim começou a estudar mais a respeito daquele povo indígena, até que um dia resolveu escrever seu TCC a respeito desse documentário produzido pelos ashaninkas. Hoje, é também um voluntário na comunidade Selvagem. Na página de Agradecimentos do trabalho, o autor expressa seu reconhecimento por esse elo realizado pelo Selvagem:

 

“Ao Ciclo de Estudos Selvagem, por ser uma inspiração nesse esforço de unir os saberes tradicionais com os conhecimentos acadêmicos. Através do Selvagem, conheci e me encantei pela cosmologia Ashaninka. Hoje, tenho a alegria de atuar como voluntário dessa comunidade tão acolhedora,  com a qual continuo a aprender.”

Aprovado com nota 10 pela banca, o TCC está disponível no repositório digital da UFRJ, no link: https://pantheon.ufrj.br/handle/11422/20010 

 

Texto: Kim Queiroz

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