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Mbya Arandu Porã
Ponto de Cultura
Guarani
Terra Indígena Ribeirão Silveira
Municípios de Bertioga, Salesópolis e São Sebastião
São Paulo

O Ponto de Cultura Mbya Arandu Porã está localizado na Terra Indígena Ribeirão Silveira desde 2008. Coordenado por Carlos Papá e Cristine Takuá, desenvolve atividades de fortalecimento cultural com a comunidade, principalmente com os jovens. O objetivo essencial é de proteger a memória ancestral, cuidando dos saberes e fazeres tradicionais. Isso é feito através do incentivo a práticas espirituais de cura e cantos, danças, contação de histórias, oficinas de pinturas, audiovisual, fotografia e arquitetura tradicional Guarani. Também são realizados estudos sobre plantas medicinais, cultivo e manejo de um viveiro de mudas, além de caminhadas na floresta para reconhecimento de espécies nativas frutíferas e medicinais. 

No Ponto de Cultura acontecem intercâmbios entre aldeias e povos para trocas de experiências e fortalecimento, rodas de conversa com os anciãos, estudo sobre os direitos dos povos indígenas no que se refere à educação escolar indígena, saúde indígena, território e busca pelo bem-viver.

Mbya Arandu desenvolveu algumas de suas atividades com apoio do Instituto Maracá, em parceria com o Instituto Goethe, e assim estruturou os espaços físicos para as oficinas. Atualmente está desenvolvendo ações em parceria com o Selvagem, ciclo de estudos sobre a vida, como a produção de vídeos sobre a cultura e o pensamento Guarani, palestras, ciclos e intercâmbio entre escolas indígenas.

Oficina Nhe’ery no rec.tyty – Festival de artes indígenas, 2021.
Fotos: Carlos Papá.

O povo Guarani enfrenta, há séculos, muitos desafios, como a diminuição dos seus territórios (Tekoá), o desmatamento da sagrada Nhë’ery e a imposição de missões jesuíticas. No entanto, possui uma resistência espiritual muito forte, que possibilitou que sua língua e sua espiritualidade fossem preservadas.

Segundo Carlos Papá, o grupo jovem cultiva o sonho de ativar e acordar a memória de algumas práticas que estão adormecidas, como a cerâmica, a tecelagem e os roçados de diversas espécies. Também buscam o fortalecimento dos saberes relacionados ao parto, à pesquisa sobre as tintas naturais e ao manejo de abelhas nativas da Mata Atlântica. 

Há um desejo coletivo de organizar uma memória audiovisual Guarani. A ideia é que isso seja feito através da pesquisa de acervos já existentes e do estímulo à elaboração de mais conteúdos, incentivando a troca de experiências entre jovens e anciãos do território.

Carlos Papá Mirim Poty pertence ao povo Guarani Mbya. É morador da aldeia do Rio Silveira e guardião das palavras sagradas Guarani. Ao longo dos últimos anos, Papá vem soprando ao mundo mensagens sobre a importância da valorização e do respeito à Nhë’ery, a Mata Atlântica. Através de Ayvu Porã, as boas e belas palavras, ele transmite a filosofia e a memória ancestral deixadas por seus avós. Trabalha há mais de 20 anos com audiovisual, cultivando a memória e a história de seu povo através de oficinas culturais com os jovens. Atua também como líder espiritual em sua comunidade, sendo conhecedor das plantas que curam e orientam o nosso caminhar. É representante da Comissão Guarani Yvy Rupa e também fundador e conselheiro do Instituto Maracá. São inúmeros os projetos e eventos dos quais participou e para os quais vem sendo convidado nos últimos anos, tais como: Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, em Tocantins, 2015; ciclo de debates Mekukradjá – Círculo de Saberes, no Itaú Cultural; diversas sessões, mostras e festivais de cinema, como o Aldeia SP – Bienal de Cinema Indígena, o Festival Tela Indígena, realizado em Porto Alegre, e o Festival de Culturas Indígenas no Memorial da América Latina, em São Paulo. Foi curador do rec.tyty – Festival de artes indígenas. Participou como artista da exposição Moquém-Surari, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), durante a 34ª Bienal de São Paulo, e é colaborador do Selvagem – Ciclo de estudos sobre a vida

Foto: Pauline Deschamps, 2019

Cristine Takuá é uma escritora, artesã, teórica decolonial, ativista e professora indígena brasileira da etnia Maxakali. É formada em Filosofia pela Unesp e foi professora por doze anos na Escola Estadual Indígena Txeru Ba’e Kuai’. Atualmente é coordenadora das Escolas Vivas e integrante do Selvagem, ciclo de estudos sobre a vida. 

Cristine é representante do NEI (Núcleo de Educação Indígena) dentro da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e membro fundadora do FAPISP (Fórum de articulação dos professores indígenas do Estado de São Paulo). É diretora do Instituto Maracá, que está fazendo a gestão compartilhada do Museu das Culturas Indígenas em São Paulo. Vive na Terra Indígena Ribeirão Silveira, localizada na divisa dos municípios de Bertioga e São Sebastião.

Foto: Pauline Deschamps, 2019