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ALDEIA ESCOLA FLORESTA
ESCOLA VIVA MAXAKALI

Território: Aldeia Escola Floresta – 122 hectares
População beneficiada: 327 pessoas do povo Maxakali
Coordenadores: Sueli e Isael Maxakali

Os Maxakali são habitantes ancestrais das florestas que cobriam todo o leito dos rios Pardo, Jequitinhonha e Mucuri, na região compreendida, hoje, como nordeste de Minas Gerais e extremo sul da Bahia.

São um povo de, aproximadamente, 3000 pessoas que falam a língua Maxakali, um dos últimos idiomas nativos da região. A invasão da empresa agropecuária em suas terras originárias, durante os séculos XIX e XX, resultou no seu confinamento em 5 pequenos territórios, cercados de fazendas por todos os lados e devastados pela derrubada da floresta e pelo plantio do capim-colonião.

A Aldeia Escola Floresta é o território mais recente desse povo e foi criada a partir da retomada de uma propriedade da União, localizada na zona rural de Teófilo Otoni (MG), Ali começou a ganhar forma um sonho antigo, impulsionado pela reivindicação dos Maxakali por seus territórios originários e pela saudade que sentem dos rios, das caças e da mata grande.
A Aldeia Escola Floresta é um projeto comunitário, hoje reconhecido como Terra Indígena. Sueli Maxakali diz que não existe ação que não seja coletiva.

Isael Maxakali costuma dizer que a verdadeira casa dos Maxakali, a ‘aldeia de verdade’, só pode existir junto com a floresta, que é a morada dos yãmïyxop. Isael também diz que a vida nesses lugares – na aldeia e na floresta – é a melhor forma de educar suas crianças e transmitir seus conhecimentos tradicionais.

Aldeia e floresta são suas ESCOLAS VIVAS, portanto.

Cristine Takuá e Paula Berbert

“Meu povo é o Povo do Espírito do Canto. Porque nosso povo é da resistência, pois os espíritos nos fortalecem. Este nome Maxakali foram os portugueses que deram – eles queriam extinguir nosso povo, mas o espírito do Pajé Yãmïy conversava com o filho e avisou
que os portugueses iam chegar. Eles se separaram e foram morar
em duas grutas. O filme Essa Terra é Nossa mostra isso.
Foi o Espírito do Canto que protegeu meu povo.
Eles falaram: “Ou a terra ou a língua”. Eles escolheram a língua.”

Sueli Maxakali

O projeto comunitário da ALDEIA-ESCOLA-FLORESTA consiste na organização da aldeia, na escola, no reflorestamento, no cuidado com as nascentes, nos encontros regulares de pajés e de especialistas da cultura, além da estruturação de oficinas.

APOIO MENSAL:
O recurso tem sido fundamental para a estruturação da Aldeia Escola Floresta. É usado para instalação e manutenção de internet, instalação de luz nas casas, mangueiras para abastecer cada casa com água da nascente, material de arte, oficinas, além de alimentação coletiva e transportes que se façam necessários.

PRÓXIMOS PASSOS:
Criar oportunidades para a realização de oficinas.
Articular parcerias e intercâmbios.
Colaborar para a criação das casas projetadas visando a organização coletiva.
Colaborar com o projeto de reflorestamento.
Cooperar com as ações da escola da aldeia.
Fomentar ações de educação ambiental para manejo do lixo.

APOIE

COORDENADORES

Sueli Maxakali nasceu em 1976, no município de Santa Helena de Minas, e é uma liderança do povo Maxakali, povo indígena originário de uma região compreendida entre os atuais estados de Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo. Forçados a se deslocar de suas terras ancestrais para resistir a diversas agressões que se acumulam há séculos e que chegaram a deixá-los em risco de extinção nos anos 1940, os Tikmũ’ũn, como se autodenominam, mantêm vivas sua língua e sua cultura. Hoje, estão divididos em comunidades distribuídas pelo Vale do Mucuri, em Minas Gerais. Além de liderança, educadora e fotógrafa, Sueli é também realizadora audiovisual. Com Isael Maxakali, ela tem produzido alguns dos filmes mais emblemáticos da produção da arte indígena contemporânea, no sentido de registrar e difundir rituais e tradições ancestrais, ao mesmo tempo transcendendo, com sua poesia, o engajamento na luta pelos direitos dos povos originários. Na 34ª Bienal, a artista apresentou a instalação Kumxop koxuk yõg (Os espíritos das minhas filhas), um conjunto de objetos, máscaras e vestidos que remetem ao universo mítico das Yãmĩyhex, as mulheres-espírito.

Isael Maxakali nasceu em 1978, na aldeia de Água Boa, em Minas Gerais, onde cresceu ouvindo e aprendendo os cantos e histórias dos espíritos Yãmĩyxop. Hoje vive na aldeia de Ladainha, em Minas Gerais. Em 1993, casou-se com Sueli Maxakali, sua companheira de vida e trabalho. Na virada do século, ele assumiu a kuxex, casa dos cantos, tornando-se uma jovem liderança do seu povo. Foi indicado como professor pelas lideranças locais, aproximou-se do universo não indígena e começou a participar de atividades ligadas à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. Graduou-se no curso de Formação Intercultural para Educadores Indígenas, na UFMG. Movido pelo desejo de mostrar a cultura Maxakali, iniciou seu percurso pelo cinema. Hoje é um dos principais diretores indígenas em atuação no Brasil, desenvolvendo uma obra constituída por filmes-rituais, documentários e animações. O cinema de Isael é indissociável de sua trajetória como liderança política, professor, pesquisador, desenhista, tradutor, aprendiz de pajé e cantor, conhecedor de parte do vasto repertório mantido e recriado pelos Maxakali. Em 2020, recebeu o prêmio Carlos Reichenbach de Melhor Longa-Metragem da 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes com o filme Yãmĩyhex: as mulheres-espírito (2019), dirigido com Sueli Maxakali. Recebeu também o Prêmio PIPA online, uma das principais premiações de arte contemporânea do Brasil. Atualmente sonha com a aquisição da terra para onde se transferiu com mais de 100 famílias Maxakali, para a criação do seu projeto Aldeia Escola Floresta.