“Eu sou um ativista por direitos humanos e um defensor intransigente do direito dos povos nativos”.
Texto de Claudia Lima
A cada dois anos, a Prince Claus Fund , a partir do Prince Claus Impact Awards, reconhece e homenageia seis artistas e mobilizadores culturais que contribuem com seus trabalhos para o desenvolvimento da sociedade onde vivem. A edição de 2022 homenageou Ailton Krenak como uma das seis personalidades globais.
Em dezembro de 2022, em uma cerimônia no Felix Meritis em Amsterdã, os seis premiados participaram do evento Louder than Words, compartilhando conhecimentos, histórias e reflexões com o público presente.
Ailton, em sua vez, propôs uma conversa a partir da observação de que “a vida é selvagem”, aliada a uma reflexão sobre “como essa poderia incidir sobre a produção do pensamento urbanístico hoje”?
Em sua fala, Ailton iniciou com uma reflexão sobre o modelo de educação estabelecido a partir do pensamento árido do concreto urbano, que não considera a potência da vida selvagem como forma de existência, por entender que a “civilização é urbana” e que fora do contexto urbano de cidade, “tudo o mais é bárbaro, primitivo e pode ser descartado. ” Continuou trazendo uma provocação sobre “como podemos ultrapassar as muralhas da cidade”? “Como podemos ligar as comunidades humanas que vivem nas florestas às que estão presas nas grandes cidades? ”.
Falou ainda sobre a relação entre a preservação das florestas e da humanidade que habitam esses territórios, apresentou um dado, obtido em um estudo da Word Wide Fun for Nature (WWF), informando sobre o número de 1.4 bilhão de pessoas no mundo que dependem da Floresta e colocou a possibilidade da existência de uma economia aliada à Floresta e aos humanos que ali vivem e precisam dela para existir.
Citou a antropóloga Lux Vidal e seu trabalho junto a populações indígenas brasileiras e seu modo de viver, organizando a ideia sobre um habitat em equilíbrio com o entorno, Terra, Sol e Lua em uma lógica diferente do “implante de cidade” estabelecido na urbanidade.
Enquanto convidava a uma reflexão sobre “como a Floresta pode existir em nós? ”, “em nossas casas e nossos quintais? ”, também convocava a vivermos uma experiência de FLORESTANIA no nosso cotidiano e compartilhou algumas possibilidades de primeiros movimentos como “vou deixar o mato crescer no meu quintal e vou aprender a gramática dele. ”
Caminhando para o encerramento, abriu a reflexão sobre “como podemos transformar os tecidos urbanos em tecidos urbanos naturais, trazendo a natureza para o centro e transformando as cidades por dentro? ”.
A fala pode ser assistida aqui: https://www.youtube.com/watch?v=HCamtz7FtoA