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Filmes e Flechas

NHANDE MARANDU, MENSAGENS DA FLORESTA NO MUSEU DO AMANHÃ

Por 29 de abril de 2023outubro 23rd, 2023Nenhum Comentário

Se pensarmos no futuro pautados em uma única narrativa, em um tempo linear, somos lançados a um amanhã cada vez mais distante; fixados à ideia de ‘produzir’ o amanhã, perdemos o tempo presente. E se, como sugere Ailton Krenak em Futuro Ancestral (Companhia das Letras, 2022), fôssemos capazes de sustentar uma postura de abertura, de acolher a inovação que chega junto a cada nova criança, a cada recém-chegado em Gaia e abríssemos espaço para que se criem relações entre múltiplas experiências de tempo e formas de vida?

   Para fazer circular diversas narrativas sobre a vida, o Laboratório de Atividades do Amanhã (LAA) promoveu a exposição NHANDE MARANDU: Uma História de Etnomídia Indigena. A exposição acontece no Museu  do Amanhã, no Rio de Janeiro, com abertura em 11 de novembro de 2022 e encerramento em 30 de abril de 2023. Esta é uma oportunidade de transmitir mensagens que nascem de lugares de afetação com a vida – experimentada em toda potência e multiplicidade pelos povos indígenas – buscando abrir outros sentidos, aumentar o repertório e instaurar outras narrativas visuais, para além das cultivadas por séculos pelo olhar colonizador.

   A exposição conta com a curadoria de Anápuáka Tupinambá, Takumã Kuikuro, Trudruá Dorrico e Sandra Benites. O mote é apresentar ao público os povos indígenas como seus próprios sujeitos comunicacionais, refletindo sobre o lugar da autoria indígena e a etnomídia. Com mensagens comunicadas através de múltiplas linguagens, Nhande Marandu é composta por obras de Denilson Baniwa, Ailton Krenak, Zahy Guajajara, Sallisa Rosa, Jaider Esbell, Gustavo Caboco, Brisa Flow, entre outros artistas e comunicadores contemporâneos.

   O Selvagem se fez presente através da Flecha 1 – A serpente e a canoa, exibida pela primeira vez no Museu do Amanhã. Com ela viajamos por teorias científicas contemporâneas e memórias das culturas ancestrais. O fio condutor deste episódio costura duas narrativas: a da canoa cobra, memória originária de povos rio negrinos, e a serpente cósmica, presente em mitos de origem de diferentes culturas, vista como a dupla hélice do DNA, código de memória presente em tudo que é vivo. A viagem percorre uma sequência que entrelaça saberes indígenas e hipóteses científicas sobre o surgimento da Vida.

   Um material complementar encontra-se disponível no formato de Caderno Selvagem, com acesso gratuito através do site. Ele é um mapa de viagem que apresenta os impulsos e caminhos de pesquisa, oferece o roteiro escrito e imagético e traz as biografias dos artistas envolvidos, muitos deles presentes na programação de Nhande Marandu. Outro desdobramento que aprofunda os estudos e a viagem é a conversa online entre Anna Dantes e  Ailton Krenak, quando do lançamento da primeira Flecha.

 

Texto: por Ana Otero

Edição: Mariana Rotili

Fotos: Divulgação

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