Na produção audiovisual “Flecha 3- Metamorfose” se encontra a confluência entre concepções da existência, um entrelaçamento entre o pensamento biológico/químico, e aspectos de cosmovisões ameríndias. A temática do parentesco cósmico em metamorfose é fundamental uma vez que apresenta um modo de percepção existencial não limitado. Uma abertura para pensar a vida enquanto “um grande metabolismo em metamorfose”, considerando que compartilhamos um mesmo corpo, uma mesma existência que se expressa em diferentes formas:
No início éramos todos e todas o mesmo ser vivo, compartilhamos o mesmo corpo e a mesma experiência, desde então, as coisas não mudaram tanto, multiplicamos as formas e maneiras de existir, mas ainda hoje somos a mesma vida. Há milhões de anos essa vida transmite-se de corpo em corpos.
(SELVAGEM, 2021, 2:13 minutos até 2:44 minutos); (COCCIA, 2020, p. 13).
O porvir da existência em constante metamorfose demonstra que a vida não é estática, não está “finalizada”, mas que existe em uma contínua movimentação. As palavras de Ailton Krenak e Emanuele Coccia nos convidam a pensar um corpo que dança, a vida como uma dança em fluxo de pertencimento cósmico. Os cantos e as danças dos povos da floresta, essa confluência de oralidades que atuam na sustentação cultural, material e cósmica. A vida em metamorfose nasce do reconhecimento de que “todos nós já fomos alguma outra coisa antes de sermos humanos” (KRENAK, 2020, p. 29). A transformação é como “trocar de pele, trocamos ao longo da vida e trocamos entre espécies”. A metamorfose seria esse reconhecimento de um parentesco que se estende a tudo, continuidade de uma mesma substância. Essas teias de vidas entrelaçadas se estendem inclusive para além da existência terrestre e se realiza não somente no sentido simbólico, mas no material.
A flecha 3 segue sendo exibida por diversos “flecheiros”, a cada exibição, como rizomas, surgem novas exibições, assim como todas as flechas, não seguem um caminho único, mas seguem se multiplicando.
A flecha 3 foi lançada em eventos artísticos, culturais e acadêmicos. A saber: a flecha foi exibida em diversas cidades e países. Podemos citar os exemplos como a exposição COSMOPOLÍTICAS em Tiradentes, Minas Gerais, realizada no Teatro de Boneco entre os dias 16 e 20 de março de 2022 e em Belo Horizonte na Casa da Fotografia de Minas Gerais no Palácio das Artes, tendo ficado em exibição entre primeiro de junho a 17 de setembro de 2022.
Essas exibições ocorrem não só em eventos artísticos, mas também em encontros de articulação entre povos, como o exemplo da exibição realizada por Gabriela de Toledo no dia 17 de junho de 2021, no encontro das etnias Kariri Xoco, Tupinambá, Camacan, Fulniô, Fulkaxo, na Bahia:
A flecha também foi lançada fora do país, no dia 07 de abril de 2022. Foi exibida na Cinemateca Universidad de California, Berkeley Art Museum and Pacific Film Archive – BAMPFA (Museu de arte associado a Universidade da Califórnia em Berkeley), durante o evento “we are telling a story of our existence”.
E no dia 11 de junho de 2022, cruzou o céu da França, em Sorgues, no Jardim de Brantes, onde a AmMar Seeds, realizou a exibição das flechas 2 (o Sol e a Flor) e a 3 (Metamorfoses).
A Flecha 3 também foi projetada no lançamento da Flecha 6 – Tempo e Amor em Florianópolis, SC no dia 17 de junho de 2022. A noção de amor apresentada na Flecha 3 – Metamorfose, enquanto continuidade de transformação, foi atualizada na relação com o debate proposto na Flecha 6 – Tempo e Amor. A metamorfose e a regeneração tecendo diálogos, sendo as bases desses vídeos os livros Metamorfoses (COCCIA, 2020) e Regenerantes de Gaia (SCARANO, 2019).
A flecha 3 – Metamorfoses tem se mostrado uma flecha propulsora de debates e que auxilia a articular as ideias entre as flechas, ela ajuda a criar pontes entre saberes e abre espaço para transformações. Entre os dias 11 e 15 de outubro de 2022, a Flecha Metamorfose foi exibida durante o Festival Internacional de Cinema Documental Amazonas-Caraíbas, uma competição internacional de filmes das Caraíbas e da Amazônia e um lugar de intercâmbio, partilha e descoberta profissional com a ambição de dar voz a um setor criativo e misto.
O evento conta com o objetivo de envolver-se com o futuro dos territórios. A escolha da Flecha 3 destaca sua importância como recurso audiovisual para pensar, cultural e artisticamente, nossos modos de estar no mundo.
A cada lançamento de uma Flecha (a série conta com 7 Flechas ao todo) a flecha Metamorfose é novamente exibida e segue metamorfoseando corpos e ideias.