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Artes e Desenhos

Artes e Desenhos

A CANA EM CENA

Foto: Rafael Blasi   O que sente uma cana-de-açúcar? O que nos diria essa voz vegetal, depois de séculos de exploração? Estas são algumas questões levantadas em Solo da Cana, trabalho cênico de Izabel Stewart apresentado no dia 13 de janeiro de 2024 na Casa França Brasil, como parte da programação da exposição VIVA VIVA ESCOLA VIVA, realizada pelo Selvagem. Em cena, um corpo de mulher transforma-se em cana-de-açúcar, ícone da cultura mono-agro-pop, planta que ao longo dos tempos tem tido seu corpo torcido pelas engrenagens de um sistema que sustenta desigualdades e mói o planeta. Para Izabel, assumir a perspectiva de uma cana de açúcar é um jeito de dizer, junto com os povos indígenas, que a Terra também é viva, também é gente. Que as fraturas que o ocidente criou entre humanos e não humanos, entre quem tem alma e quem não tem, entre cultura e natureza, são um modo muito empobrecido de encarar a beleza da vida. …
Mari Rotili
18 de janeiro de 2024
Artes e Desenhos

VIVA VIVA – EXPOSIÇÃO ESCOLA

 Selvagem, ciclo de estudos apresenta as Escolas Vivas em exposição de artes e medicinas na Casa França-Brasil     Quem caminha pelo centro do Rio de Janeiro pode provar a sorte de ter o olhar atraído por duas onças que ladeiam a entrada da Casa França Brasil. São desenhos Guarani que convidam o público a entrar na exposição VIVA VIVA ESCOLA VIVA, aberta no dia 02 de dezembro e com visitação gratuita até 28 de janeiro de 2024. A exposição é uma realização do Selvagem, ciclo de estudos sobre a vida e traz, pela primeira vez, a confluência entre as Escolas Vivas, territórios de transmissão de saberes tradicionais que têm sido ativados em diálogos coordenados por Cristine Takuá. Educadora, mãe, parteira, pensadora Maxakali, Cris habita, há 20 anos, com seu companheiro Carlos Papá Porã Mirim e seus filhos Kauê e Djeguaká, a Terra Indígena Rio Silveira do Povo Guarani-Mbya, e tem compartilhado em relatórios trimestrais as vivências das Escolas Vivas…
Mari Rotili
22 de dezembro de 2023
Artes e Desenhos

BANDEJAS DA ORALIDADE: mosaicos com frases de Ailton Krenak, por Mariana Lloyd

Meu nome é Mariana Llyod, sou mosaicista e designer e vivo no Rio de Janeiro. Em 2021 eu estava produzindo uma coleção de mosaicos baseados em livros que li durante a pandemia. A partir da leitura dos livros de Ailton Krenak e de entrevistas, filmes e podcasts em que ele falou, selecionei algumas frases que são convites de entrada para o universo da cosmovisão indígena. Esses conhecimentos tão ricos e diversos me nutriram, animaram e afetaram em um momento tão difícil. As frases tratam de conceitos chaves para começar a entender uma outra visão de mundo compartilhada por diferentes povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas. Uma visão colada ao corpo da terra,  que é de vivência, conversa, familiaridade e respeito, algo que em muito destoa da ideia cristã, eurocêntrica, monoteísta e capitalista de ver e explorar o mundo. Um mundo onde um rio é chamado de avô, em que um ser humano é genro do sol, em que uma mulher é…
Mari Rotili
14 de dezembro de 2023
Artes e Desenhos

MUITO MAIS QUE COR | ‘Alquimia das tintas naturais’ com Jhon Bermond

  "Me perguntaram se eu sou artista plástico. Quando a gente trabalha com tintas naturais, queremos diminuir o plástico nas nossas vidas. Agora queremos ser chamados de artistas naturais." Jhon Bermond   As cores são um dos fenômenos mais bonitos de serem apreciados. Seja nas mirações, na natureza ou nas pinturas, as cores transitam do encantamento à cura. No mito nawá xiku nawá os Huni-Kuin narram que as cores surgiram a partir das superfícies dos seres da natureza. Elas não são apenas percepções visuais que se fazem possíveis quando há luz presente, são agentes de proteção, medicina, memória e espírito vivo. É na relação com os seres da natureza que caminhamos colorindo as possibilidades de conexão com a vida e com as cores.  Vivência ‘Alquimia das tintas naturais’ | Foto: Mayara Maximilla  Nesse movimento de ativar e acordar a memória de algumas práticas que estão adormecidas, o grupo Crianças Selvagem tem buscado parcerias e orientações para realizar encontros e oficinas…
Mari Rotili
16 de novembro de 2023
Artes e DesenhosFilmes e Flechas

WAZAKÁ: FRUTIFICANDO ESCOLAS AFORA

Apresentação na Escola Estadual Bernardo Monteiro | Foto: Gabriel Boroni “Wazaká: a árvore de todos os frutos” é um espetáculo musical concebido pela professora de artes A Sol Kuaray em conjunto com seus alunos do Ensino Fundamental da Escola Estadual Bernardo Monteiro - Calafate, em Belo Horizonte. Feito a muitas mãos, é fruto de um longo processo de construção, que começou no início do ano e teve sua apresentação no dia 29 de setembro de 2023. A dramaturgia foi inspirada na Flecha 3 - Metamorfose e na história de Wazaká, da mitologia Makuxi. O mito se passa em um contexto de fim de mundo, onde havia muita escassez, os povos passavam fome e encontravam-se em situação crítica. Em um dado momento, três seres da natureza, Makunaymî, Ani’ke e Insikiran, saem em busca de alimento nesse ambiente nefasto. Em suas andanças, encontram a cutia dormindo de boca aberta e percebem que seus dentes estavam cheios de grãos e sementes diferentes, que…
Mari Rotili
9 de novembro de 2023
Artes e DesenhosCantosConversas

BAK | SENTA QUE LÁ VEM HISTÓRIA: começo, meio e começo

"Semeei as palavras… Semeei as sementes que eram nossas e as que não eram nossas. Transformei nossas mentes em roças e joguei uma cuia de sementes… O que aconteceu foi que a palavra que melhor germinou foi confluência". ♦ Nego Bispo ♦   Confluência, palavra semeada por Nego Bispo ao dizer do encontro de saberes de povos que são, também, terra; orgânicos. Palavra que germina a cada dia na Biblioteca do Ailton Krenak, ou BAK, como carinhosamente a chamamos. A BAK é uma iniciativa da Comunidade Selvagem para catalogar e acessibilizar as falas do Ailton. É também um espaço em que confluem pensamentos, sonhos e anseios diversos que as palavras de Ailton vêm gerando em nossas mentes/roças.        Neste espaço, além de disponibilizarmos as falas ao público em geral, também organizamos estudos e semeamos sonhos; sonhos regados pela ideia de imaginar um futuro ancestral. Aqui trazemos histórias de (re)existência e amor com Gaia.      A BAK se faz em…
Mari Rotili
29 de junho de 2023
Artes e DesenhosFilmes e Flechas

RECIFE TAMBÉM É SELVAGEM

Eu lembro bem do que senti quando assisti a primeira Flecha Selvagem, no dia do lançamento, em maio de 2021. Fiquei tomada por um desejo de que todo mundo visse aquilo, que todo mundo acessasse e sentisse a esperança e nutrição que meu corpo experienciou enquanto via aquela compostagem de imagens envolvida pelo texto fluido de Anna Dantes sendo narrado pela voz de Ailton Krenak. Fiquei em estado de contemplação. O vídeo me trouxe também uma certa nostalgia dos tempos em que eu aprendia me divertindo ao assistir os programas da TV Cultura - não me pergunte o porquê, essa foi a sensação que me deu enquanto meus olhos se emocionavam. Depois, ao saber de cada nova Flecha a ser lançada, eu ficava com uma euforia da certeza dos sentimentos bons que elas me trariam naqueles tempos pandêmicos, tão incertos e solitários.      Quando o isolamento foi flexibilizado, voltei para meu campo de atuação. Dou aulas e, além de partilhar…
Mari Rotili
13 de junho de 2023
Artes e DesenhosFilmes e Flechas

AS FLECHAS, O CHÁ E AS PEDRAS

“O centro de Gaia é composto em grande parte por magnetita, um mineral que o transforma em um ímã gigante. As espécies migratórias possuem fragmentos de magnetita em seus corpos que lhes permitem sentir o campo geomagnético para criar rotas para locais mais adequados para sua sobrevivência e retorno ao ponto de partida. A magnetotaxia os torna sua própria bússola. A espécie humana possui fragmentos de cristais de magnetita em seu corpo, mas como não estão ligados ao sistema nervoso, não configuram um sentido. Temos em nossos corpos um fóssil do centro da terra que está relacionado a outras espécies migratórias, mas não sabemos para onde ir ou como voltar.”  No dia 17 de maio as Flechas Selvagem estiveram acompanhadas das Magnetitas da artista Tau Luna Costa e da Planta do Chá, em cerimônia guiada por Daniela Ruiz, em seu projeto Mediteation. O encontro foi parte do ciclo de ativações da exposição “El tiempo como las piedras” na Galeria Tangent,…
Mari Rotili
7 de junho de 2023
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CANTAR COM O QUE ATRAVESSA: Cadernos e Flechas Selvagens em experimentos vocais

Pytun Jerá – O Desabrochar da Noite é um Caderno Selvagem preparado a partir da fala que Carlos Papá fez na roda de conversas Céu, durante o Selvagem, ciclo de estudos sobre a vida no Teatro do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, em 14 de novembro de 2019.    Em 2023, estudantes de Expressão Vocal de 3ª fase do curso de graduação em Artes Cênicas da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), em Florianópolis, têm mergulhado nas páginas e entrelinhas dos Cadernos e experimentado no corpo as ativações contidas ali.    O entendimento do escuro como fonte da criação de vida atraiu a atenção e conduziu as investigações cênicas do grupo. Ive Luna, professora da disciplina, conta que a leitura conjunta de Pytun Jerá encantou a turma e gerou muita conversa. Na aula seguinte ela projetou o caderno Desligue as Luzes e Escute nas paredes da sala. Com desenhos realizados pela artista Zoé Dubus durante o Ciclo dos…
Mari Rotili
6 de maio de 2023
Artes e DesenhosCadernos e LivrosUniversidades

COEXISTÊNCIA, UMA PERFORMANCE INSTALAÇÃO

"Atravessar uma mudança radical até o ponto  em que o mundo em si não será mais o mesmo."  Emanuele Coccia https://youtu.be/0AaFEDTCinw O grupo de pesquisa Gesta, do curso Graduação em Teatro: Licenciatura da Uergs (Universidade do Estado do Rio Grande do Sul) coordenado pela Profa. Tatiana Cardoso, realizou o desdobramento da pesquisa Compossíveis: quando o ambiente vira corpo, com a criação da performance instalação Coexistência.    Feito em co-produção com o Teatret OM, da Dinamarca, durante o mês de agosto de 2022, o grupo apresentou Coexistência, um evento que misturou Teatro, Música e Artes visuais junto à natureza, no imenso parque de Hoverdal, na periferia da cidade de Rinkøbing, na Dinamarca.     Em meio à floresta, entre esculturas orgânicas da artista visual Antonella Diana, os performers evocam passagens, derivas e migrações entre diferentes formas de existência. Assim a metamorfose aparece no corpo não como atributo, mas como condição de ser vivente neste planeta, junto a todas as outras formas de…
Mari Rotili
24 de março de 2023