Foto: Rafael Blasi O que sente uma cana-de-açúcar? O que nos diria essa voz vegetal, depois de séculos de exploração? Estas são algumas questões levantadas em Solo da Cana, trabalho cênico de Izabel Stewart apresentado no dia 13 de janeiro de 2024 na Casa França Brasil, como parte da programação da exposição VIVA VIVA ESCOLA VIVA, realizada pelo Selvagem. Em cena, um corpo de mulher transforma-se em cana-de-açúcar, ícone da cultura mono-agro-pop, planta que ao longo dos tempos tem tido seu corpo torcido pelas engrenagens de um sistema que sustenta desigualdades e mói o planeta. Para Izabel, assumir a perspectiva de uma cana de açúcar é um jeito de dizer, junto com os povos indígenas, que a Terra também é viva, também é gente. Que as fraturas que o ocidente criou entre humanos e não humanos, entre quem tem alma e quem não tem, entre cultura e natureza, são um modo muito empobrecido de encarar a beleza da vida. …
Mari Rotili18 de janeiro de 2024