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Todos posts por

Mari Rotili

Ciclo Selvagem

O RECADO DO SOL

Dia desce, noite sobe ou vice-versa: o céu salpicado de estrelas, planetas, asteroides, conjunções, ângulos, recados. Como parte dessa confluência, habitamos o solo de um mundo em que a terra, as águas e todos os elementos deixam seus rastros, apontam histórias do passado e caminhos para o futuro. Assim como rios podem estar vivos e fluir debaixo da terra, irrigando a vida que está em cima, também cada vida é atravessada pelo Sol no céu e animada pelo Sol em si. Que recados recebemos quando decidimos escutar o Sol? Como sua presença, sua influência e sua luz transformam a vida e nossos passos na Terra? Perguntas como essas se formaram aos poucos durante a roda de conversa SOL E SOLO, que aconteceu no dia 24 de abril de 2024 no Teatro Oficina, em São Paulo. Nessa noite de céu aberto, em torno de 100 pessoas ouviram cantos, narrativas e falas de Carlos Papá, Júlia de Carvalho Hansen, Eduardo Góes Neves,…
Mari Rotili
3 de maio de 2024
Escola Viva

JÁ SOMOS ESCOLA VIVA

•  Abertura da Escola Viva Baniwa • No dia 20 de março de 2023 começou a celebração de abertura da Escola Viva Baniwa, Wanheke Ipanana Wha Walimanai, a Casa de conhecimento da nova geração. Neste artigo, quem nos conta da festa é Francy Baniwa, coordenadora da Escola Viva, junto com seu pai Francisco Baniwa. Foi um dia maravilhoso, um momento histórico para a comunidade.  Aqui é o lugar onde nasci e cresci. É o lugar onde estão minhas tias, avós, primos, amigas e amigos de infância. Aqui está a base de tudo, a base do ensinamento, o que me fez ser quem sou hoje.  Em nenhum momento da minha vida eu imaginei que pudesse estar acontecendo isso. A celebração começou com a abertura da Escola Viva: os sábios ficaram em círculo, cada um pegou uma fita trançada de palha e duas crianças cortaram. As crianças eram o centro e o círculo era composto pelos conhecedores. Depois entrei com a dança,…
Mari Rotili
25 de março de 2024
ConversasExposição

OS NOMES DA MATA

Um mês depois de a exposição Viva Viva Escola Viva se fechar à visitação do público, nasce novamente no Jardim Botânico do Rio de Janeiro uma roda de bichos, plantas e artes dos povos Guarani e Baniwa. No dia 08 de março de 2024 foi inaugurada, junto ao novo Museu do Jardim Botânico, a exposição Mba’é Ka’á (o que tem na mata) - Barbosa Rodrigues entre plantas e pajés. Com curadoria de Anna Dantes e narrativas ligadas aos estudos do Selvagem, a exposição trouxe para o espaço cultural pinturas, cestarias, bichinhos de madeira e outras expressões artísticas dos povos Guarani e Baniwa para dialogar com o trabalho do botânico e pesquisador João Barbosa Rodrigues. Barbosa Rodrigues (1842-1909) foi uma figura de grande importância para a botânica no Brasil e no mundo. A partir de viagens e pesquisas de campo, reuniu estudos, escritos e ilustrações sobre inúmeras espécies de plantas – como as palmeiras brasileiras, às quais dedicou anos de atenção,…
Mari Rotili
15 de março de 2024
Conversas

A GENTE NASCEU PARA SER FELIZ E SONHAR

• Uma entrevista com Veronica Pinheiro • Veronica Pinheiro é brincante, professora da Rede Pública Municipal do Rio de Janeiro e pesquisadora do ensino de arte para as relações étnico-raciais como mestranda do Programa de Pós-graduação em Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Integrante da equipe do Selvagem, ciclo de estudos desde 2023, ela atualmente coordena o Grupo Aprendizagens da Comunidade Selvagem, junto de Cristine Takuá.  Veronica chegou ao Selvagem semeando narrativas, rimas e saberes do quintal. À frente do Grupo Crianças ao longo de todo o ano passado, ela realizou oficinas de artes para crianças em territórios indígenas e em museus, evocou seus ancestrais na Vigília da Oralidade, percorreu estradas a bordo da Caravana Arco Íris pela paz e ancorou uma animada Maloca das Crianças, que ofereceu atividades para crianças durante a exposição Viva Viva Escola Viva. Ela também pesquisou as tintas naturais e encontrou muito mais que cores no caminho. Em 2024, de volta…
Mari Rotili
4 de março de 2024
Textos e Poesias

DIÁRIOS DE APRENDIZAGENS

A partir do mês de março, vamos acompanhar em nosso site os diários das vivências de Cristine Takuá nas Escolas Vivas e de Veronica Pinheiro na Casa das Crianças. Os Diários de Aprendizagens escritos por Cris e Veronica nos aproximarão dessas duas orientadoras de pensamentos e práticas.  Desde 2022, Cris vem cuidando do diálogo com os 4 territórios vinculados ao projeto Escolas Vivas e compartilhando relatórios trimestrais, com a colaboração de Anai Vera, sobre as vivências das Escolas Vivas Shubu Hiwea, Huni Kuin; Aldeia Escola Floresta, Maxakali; Mbya Arandu Porã, Guarani Mbya e Bahserikowi, Tukano, Dessano e Tuyuka. Em 2024, celebramos a chegada da Escola Viva Baniwa.  Veronica coordenou a Comunidade e o Grupo Crianças, ao longo de 2023, realizando oficinas para crianças em territórios indígenas, museus, praias e animou a Maloca das Crianças, espaço dedicado a elas na exposição VIVA VIVA ESCOLA VIVA. Em 2024, ela leva os conteúdos do Selvagem para dentro da Sala de Leitura, da Casa…
Mari Rotili
29 de fevereiro de 2024
Ciclo Selvagem

RAIOS DE SOL

Em meio a tantas coisas e informações, a caminhos, rodovias, devastações, links e conexões, nosso coração Selvagem se volta para o Sol. Ele está no centro de tudo, da galáxia à célula, nas memórias e nos primeiros desenhos das crianças. Quem é o Sol? É Deus, é mãe, é pai, é grande, mínimo, jovem, vivo? Em 2024, enquanto o planeta aquece, Selvagem escolhe esse caminho cósmico, simples, fundamental e popular. Conversaremos e dançaremos com o Sol em um ano de aprendizagens, percursos e práticas. Vamos visitá-lo suavemente com uma nova série audiovisual em animação: Pingos Selvagem. Através do Diário de Aprendizagens, acompanharemos a rotina semanal e as práticas de duas grandes mestras: Cristine Takuá, coordenadora do diálogo com as Escolas Vivas, e Veronica Pinheiro, educadora que estará compartilhando os conteúdos Selvagem na Casa da Criança (Escola Municipal Professor Escragnolle Dória), no Rio de Janeiro, com a ativação de rodas de leitura e oficinas. No primeiro semestre, teremos o ciclo de…
Mari Rotili
22 de fevereiro de 2024
Conversas

NO BALANÇO DAS REDES

Conversa na Rede é uma série de Conversas Selvagem em que, no balanço das redes, Ailton Krenak e convidades embarcam em reflexões sobre a vida. Lançada em 2022, está em seu quarto episódio e, até o momento, Ailton já conversou com o filósofo Emanuele Coccia, com a antropóloga Nastassja Martin, com o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro e com o fotógrafo e ativista Hiromi Nagakura. Unindo pensadores de diferentes lugares do mundo em uma constelação de saberes, Conversa na Rede tem feito circular uma gama de reflexões fundamentais, arejadas pelo frescor e delicadeza que o formato oferece. Os episódios são filmados presencialmente e depois publicados no canal do Selvagem no Youtube. ‘Amar, comer e ser comida’, o primeiro deles, foi ao ar em novembro de 2022 e trouxe Emanuele Coccia como convidado. Embalados pelos vaivéns, ele e Ailton dialogam sobre temas como o desconforto com a ideia de futuro, a necessidade de reconexão com a materialidade da vida e a…
Mari Rotili
8 de fevereiro de 2024
ConversasFilmes e Flechas

CONEXÃO AMAZÔNIA JAPÃO CORAÇÃO

  No dia 03 de fevereiro de 2024, às 12h, vai ao ar 心 Kokoro | Coração, a quarta Conversa na Rede. Neste episódio, realizado pelo Selvagem, ciclo de estudos em parceria com o Instituto Tomie Ohtake, Ailton Krenak conversa com Hiromi Nagakura, fotógrafo e ativista japonês que esteve no Brasil em outubro de 2023 para a abertura da exposição Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak, em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Gravada na casa ateliê de Tomie Ohtake, com tradução consecutiva do japonês para o português e vice-versa, os dois amigos, reunidos após muitos anos, relembram episódios de suas vivências enquanto refletem sobre temas como as fronteiras no mundo contemporâneo, a relação entre floresta e metrópole e a possibilidade de conexão verdadeira entre as pessoas. Kokoro, em japonês, quer dizer coração. “O coração podia ser pensado como a chave para todas as transformações que a gente deseja no mundo.” - Ailton Krenak   A…
Mari Rotili
1 de fevereiro de 2024
CantosConversas

UMA CIRANDA ENTRE MEMÓRIAS

Foto: JPrado Seguindo o futuro das Escolas Vivas, sonhamos viver o tempo das memórias vivas e ativas, em um fluxo constante de trocas e sensíveis interações com todas as formas de vida. Cristine Takuá   No dia 24 de janeiro de 2024, fizemos um grande encontro na exposição VIVA VIVA ESCOLA VIVA, celebrando os últimos dias na Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro. A visitação segue aberta ao público até domingo, dia 28 de janeiro. No entanto, em vez de um encerramento, o que criamos juntos foram novas aberturas, novas conversas, novos inícios. O que é vivo, afinal, não se encerra, ainda mais quando sabemos que nossos passos vêm de antes. Quando nos reunimos em roda para celebrar a memória, a diversidade e a potência viva de estarmos juntos, aprendermos e ensinarmos. Essa foi mais uma oportunidade de aprender a estar no mundo desde dentro das Escolas Vivas. Foto: JPrado Em uma visita guiada por toda a exposição, seguida de…
Mari Rotili
26 de janeiro de 2024
Artes e Desenhos

A CANA EM CENA

Foto: Rafael Blasi   O que sente uma cana-de-açúcar? O que nos diria essa voz vegetal, depois de séculos de exploração? Estas são algumas questões levantadas em Solo da Cana, trabalho cênico de Izabel Stewart apresentado no dia 13 de janeiro de 2024 na Casa França Brasil, como parte da programação da exposição VIVA VIVA ESCOLA VIVA, realizada pelo Selvagem. Em cena, um corpo de mulher transforma-se em cana-de-açúcar, ícone da cultura mono-agro-pop, planta que ao longo dos tempos tem tido seu corpo torcido pelas engrenagens de um sistema que sustenta desigualdades e mói o planeta. Para Izabel, assumir a perspectiva de uma cana de açúcar é um jeito de dizer, junto com os povos indígenas, que a Terra também é viva, também é gente. Que as fraturas que o ocidente criou entre humanos e não humanos, entre quem tem alma e quem não tem, entre cultura e natureza, são um modo muito empobrecido de encarar a beleza da vida. …
Mari Rotili
18 de janeiro de 2024